NTC 55 anos: Domingos Fonseca e a era Collor
Domingos Fonseca foi presidente da NTC&Logística no triênio 1990/92, tendo como vice-presidente Romeu Luft. Em sua gestão, defendeu a valorização da atividade empresarial do transportador, no sentido de participar e opinar sobre os grandes temas nacionais e não ficar restrito as atividades de transporte. Inseri o Transporte Rodoviário de Carga no conjunto das atividades econômicas do país, com toda a importância que ele tem, afirma Domingos. Seu mandato começou com a posse do presidente Collor, que teve como primeira medida fazer uma mudança na economia - Plano Collor - que deixou todos os brasileiros com R$ 50,00. Esse era o total do dinheiro que todos tínhamos disponível. A história já registra esse acontecimento, porém, dá para imaginar que todos os transportadores do Brasil inteiro ligavam para a NTC e perguntavam o que a entidade poderia fazer para resolver esse problema. Como se nós tivéssemos a solução para um problema daquela magnitude, que desarticulou toda a economia e alterou todos os contratos, compromissos, prazos, ou seja, uma verdadeira maluquice com milhares de caminhões parados nas estradas porque não tinham combustível para continuar as viagens e nem dinheiro para abastecer. Depois de dois dias de muitas reuniões internas, boatos, pressões, Domingos foi a Brasília, sem data para voltar, porque não conseguia identificar interlocutores, com quem pudesse falar e explicar o caos pelo qual o setor passava e que tendia a se agravar perigosamente. Depois de algumas reuniões e com a ajuda de vários companheiros transportadores, de deputados e senadores de nosso relacionamento, conseguimos sentar com a alta cúpula do governo e encaminhar uma solução: liberar o setor do controle monetário. Assim, voltamos a operar com alguma normalidade. O mandato de Domingos foi caracterizado por muitos avanços tecnológicos, com a chegada dos microcomputadores e o uso de sistemas eletrônicos de digitalização. Essa modernização dos sistemas como um todo teve um forte apoio da NTC que fez muitos eventos para familiarizar e inserir os empresários nesse novo mundo. Nesse período, os fretes eram controlados pelos órgãos do governo, o que implicava em controlar permanentemente os custos. Por isso o CONET foi muito importante e se consolidou, já que descongelar os preços e conseguir aumentar os fretes era sempre uma enorme dificuldade. No final do mandato de Domingos, a NTC realizou uma feira e uma exposição de produtos e insumos. Dentro do objetivo de resgatar a autoestima do empresário transportador, pela atividade que exercia, tendo orgulho da contribuição que dava ao progresso e desenvolvimento nacionais, e como demonstração da pujança do setor, o encerramento de meu mandato, por uma decisão da Diretoria, foi feito a bordo de um navio, num cruzeiro de uma semana com 900 congressistas a bordo. O que mudou de lá para cá? Houve uma grande redução no número de empresas chamadas grandes, com muitas incorporações e com muitos casos de empresas com estruturas familiares, que não se adaptaram às mudanças econômicas dos últimos tempos, principalmente por uma baixa capacidade gerencial interna para lidar com problemas mais complexos de custos. O que esperar para os próximos anos? Para Domingos, mais do que nunca, está clara a relevância do transporte rodoviário na economia do país e na sobrevivência de várias regiões da nação. Para mim, o Brasil continuará sendo um país rodoviarista por muitos anos. Por isso, é importante a continuação dos projetos de modernização das empresas, com melhores sistemas de gestão e melhores gestores, já que a competição tende a ser mais intensa e as margens de resultado menores e muitas vezes, deverão vir da habilidade e capacidade de adaptação a esses cenários. Neste contexto, o papel da NTC como indutor de modernidade e de formação de lideranças, preparadas para conduzir as empresas no futuro, é muito relevante, além é claro das demais atividades técnicas e políticas que o setor exigirá sempre, na defesa de seus legítimos interesses. Fonte: NTC
- Data: 14/09/2018
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