Atoleiros paralisam transporte
Motoristas completam 10 dias parados em atoleiros de rodovias estadual e federal no Noroeste de Mato Grosso. São pelo menos 200 caminhões parados na MT-170 e BR-174, segundo prefeitos da região.
Por causa da condição intransitável das vias linhas intermunicipais de ônibus estão há 4 dias sem ter acesso à Cotriguaçu (950 km a noroeste da Capital), gados são perdidos por não suportarem o confinamento nas carretas e cidades como Aripuanã (1.002 km a Noroeste) já começam a sofrer com o desabastecimento de combustível.
O caminhoneiro Sebastião Martins Bonfá, 41, diz que a situação é crítica. Dia 19 de março ele e outros 3 motoristas partiram em 4 carretas carregadas com 440 bezerros do Distrito de Nova Esperança em Cotriguaçu em direção a São José dos Quatro Marcos (315 km a Oeste da Capital). As dificuldades de tráfego iniciaram na própria cidade e somente com ajuda de trator as carretas puderam ser levadas até a zona urbana da cidade, conta o empresário Irael Sanches Santiago.
Para manter os gados vivos, os caminhoneiros retiraram os animais das carretas e pernoitaram 1 noite na fazenda. Um dia depois voltaram a seguir na estrada, conseguiram andar 60 quilômetros, mas voltaram a atolar em Juruena (880 km a noroeste da Capital). Na segunda-feira (25), Irael contratou um trator de esteira para socorrer as 4 carretas dele e outros veículos que fechavam o caminho na MT-170.
Ao chegar no local para ajudar os empregados, o empresário contabilizou 12 cabeças de gado perdidas. O longo período de confinamento dentro das carretas provocou a morte dos animais que, além de chuva, ficam vulneráveis ao sol. Os atoleiros ainda causam condições degradantes aos motoristas que dependem do tráfego pelas estradas de chão.
Sebastião e os colegas precisam tomar banho em córregos e contar com a ajuda de fazendeiros que encontram pelo caminho. Não há postos da Polícia Rodoviária Estadual e nem Federal no trecho da BR-174 que fica na sequência da MT-170. Em Juruena, o prefeito suspendeu as aulas da rede pública por causa da situação das estradas. Alunos da zona rural não conseguem chegar às escolas. Os atoleiros estão no caminho da população das cidades de Castanheira, Juruena, Aripuanã, Colniza e Cotriguaçu.
Prefeita diz que situação é caótica
Prefeita de Cotriguaçu, Rosângela Nerves (PMDB) diz que a situação é caótica. Os 20 mil litros de leite produzidos por dia e que deveriam ser enviados para as cidades de Juruena, Nova Monte Verde e Colniza estão estragando por causa das condições das vias. “Nós não temos maquinário suficiente, porque além das MTs temos que cuidar das vicinais”.
Para a população do município, a MT-170 é a única estrada que dá acesso a Juruena e Colniza. Os problemas são causados pela chuva e a falta de manutenção das rodovias, avalia o prefeito de Aripuanã, Ednilson Faitta (PMDB). “Como o Estado está ausente estamos sofrendo com a situação. Está faltando gasolina na cidade”.
Além da MT-170, ele cobra a manutenção do trecho de 40 quilômetros da BR-174 que liga Aripuanã a Juruena. Sem pavimento, acostamento e
apoio ao longo da rodovia federal os caminhoneiros responsáveis pelo transporte de madeira da cidade que seguem em direção ao Porto de Paranaguá e cidades do Sul e Sudeste do país ficam abandonados.
Somente com contratação de empresas particulares os caminhoneiros conseguem sair dos atoleiros. Os prefeitos afirmam que a situação está pior do que as consequências provocadas pelas chuvas do ano passado. Segundo eles, a concessionária que prestava serviço para o governo estadual deixou de atender este ano as cidades.
A região que engloba os municípios de Cotriguaçu, Aripuanã e Juruena, interligados pelas rodovias estaduais não pavimentadas (MT-170 e MT-208), estão recebendo serviços de recuperação dos pontos críticos desde dia 8 de janeiro. Uma equipe permanente está in loco.
Segundo o superintendente de manutenção e operação de rodovias, Cleber José de Oliveira, os serviços estão sendo executados com o cessar da chuva, mas, devido ao intenso volume de água na região o trabalho fica comprometido, impossibilitando os serviços emergenciais, principalmente na MT-170 onde o trecho é mais crítico.
A Gazeta - 29 e 30/04/2013
- Data: 17/07/2014
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