Mais de 280 mil acidentes tiveram relação com a saúde dos motoristas desde 2014
De acordo com um levantamento de dados realizados pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), nos últimos seis anos, mais de 283.500 acidentes de trânsito ocorridos nas estradas brasileiras tiveram relação direta ou como causa secundária a saúde dos motoristas.
Foram mais de 14 mil mortos e quase 250 mil feridos. Os dados foram obtidos pela Polícia Rodoviária Federal em acidentes que ocorreram entre janeiro de 2014 e julho de 2020.
Entre as causas dos acidentes analisados estão a falta de atenção à condução, ingestão de álcool, sonolência do condutor, mal súbito, restrição de visibilidade e ingestão de substâncias psicoativas.
“Essas situações denotam quadros direta ou indiretamente associados às condições de saúde dos condutores, como déficit de atenção (permanente ou circunstancial), deficiências visuais, distúrbios de sono e comprometimento motor ou de raciocínio” pontua Antonio Meira Júnior, presidente da Abramet.
Apesar dos números alarmantes, os dados fazem referência somente à trechos de rodovias federais sob supervisão da PRF. Não foram contabilizados dados de acidentes em rodovias estaduais ou trechos urbanos.
Situações clínicas
A falta de atenção ao volante, que, na avaliação da Abramet, pode ser consequência de situações clínicas importantes (fadiga, stress, cansaço, déficit de atenção ou comprometimento do raciocínio) responde por 215.401 dos acidentes catalogados, ou seja, 76% do total registrado no período e que podem estar relacionados à saúde do motorista. Apenas essa categoria responde por 182.288 (74%) feridos e 9.047 (62%) mortes.
Na sequência, vem a ingestão de bebida alcoólica. “Sabe-se que o álcool compromete o reflexo dos motoristas. Se fosse apenas isso, já não seria pouco, mas também reduz a capacidade de percepção da velocidade e dos obstáculos, reduz a habilidade de controlar o veículo, diminui a visão periférica, prejudica a capacidade de dividir a atenção e aumenta o tempo de reação”, destaca o diretor científico da Abramet, Flavio Adura.
Segundo ele, o álcool afeta ainda a sobrevivência dos envolvidos em um acidente de trânsito. “Significa dizer que, quanto mais a pessoa tiver bebido, maior sua chance de morrer. Um mesmo impacto pode causar mais ferimentos numa pessoa que bebeu”, ressaltou.
Entre 2014 e julho de 2020, foram registrados pela PRF um total de 40.268 acidentes nas rodovias onde esse fator foi considerado uma das causas. Do volume de colisões, houve encaminhamento de 36.999 vítimas com ferimentos leves ou graves e o registro de 2.679 óbitos.
Sono ao volante
A terceira situação que mais acarreta acidentes é a sonolência do motorista. O problema é causado por problemas do motorista ao dormir. Sem dormir bem, é comum ter sonolência mesmo durante o dia.
Este fator motivou, segundo a PRF, 22.683 acidentes registrados nas rodovias, causando 2.092 mortes e deixando 22.645 feridos, entre 2014 e julho deste ano.
“Observar bons hábitos de sono, tratando possíveis doenças e obtendo sono suficiente antes de qualquer viagem, previne acidentes causados por sonolência”, lembra o diretor científico da Abramet.
A sonolência excessiva, segundo ele, acarreta redução do tempo de reação, julgamento, visão e dificuldades no processo da informação e memória de curto prazo.
Completam o trabalho, o chamado mal súbito – perda de consciência devida mais frequentemente a doenças cardiológicas (infarto, arritmias) e neurológicas (AVC, convulsões) –, com um total de 2.702 acidentes; a visão reduzida, com 2.205 ocorrências; e o efeito de entorpecentes sobre o condutor, com 292 casos. Juntos, eles respondem por 773 mortes no trânsito e o encaminhamento de 5.543 vítimas de colisões para atendimento médico.
- Data: 29/09/2020
- Autor: Blog do Caminhoneiro - Fonte: Blog do Caminhoneiro