Prejuízo por roubos de cargas chega a R$ 20 milhões ao ano em MT
A cada dia o número de roubo de cargas em Mato Grosso tem crescido. O prejuízo provocado apenas pelo roubo da carga no Estado chega a cerca de R$ 20 milhões por ano, podendo ser maior se o caminhão for levado também. Diante de uma situação “crítica” o setor do transporte realizou nesta quinta-feira (29) o Workshop sobre o Combate ao Roubo de Cargas.
Cerca de 150 pessoas compareceram ao evento realizado no SEST/SENAT, em Cuiabá.
De acordo com o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de Mato Grosso (Sindmat), Eleus Vieira de Amorim, no Brasil o prejuízo do setor com o roubo de cargas é de aproximadamente R$ 1,5 bilhão ao ano e somente em Mato Grosso R$ 20 milhões.
“Se for somar com o caminhão e os pneus o valor é maior que isso. A situação é crítica em Mato Grosso. No Sul e Sudeste criou-se uma política e leis em que empresas que são consideradas receptadoras de carga perdem sua inscrição estadual. Na semana passada entregamos ao deputado estadual Mauro Savi a mesma lei aprovada em São Paulo para que seja implantada em Mato Grosso e ele se comprometeu levar para a tribuna para aprovação imediata”, diz Amorim.
Hoje, um cavalo (frente do caminhão) custa cerca de R$ 500 mil, dependendo da marca e da potência. Já a carreta (que transporta a carga) em torno de R$ 200 mil. Em pneus são aproximadamente R$ 40 mil.
O presidente do Sindmat-MT frisa que não há informações concretas de quantos roubos de cargas houveram em 2014, contudo ele ressalta que apenas uma seguradora de veículos relatou ao sindicato que a mesma registrou 12 roubos entre janeiro e abril.
A intenção do workshop é para chamar a atenção da sociedade e dos políticos sobre a situação. “Mato Grosso é referência de combate a roubo a banco. Por que não contra roubo de caminhões e cargas?”, diz Eleus.
Maicon Amorim sentiu na pele a questão. Ele revela que trabalhava em 2012 em uma transportadora em Cuiabá e por volta das 22 horas cerca de sete pessoas invadiram a empresa e levaram quase R$ 1 milhão em produtos eletrônicos. “Renderam funcionários e seguranças. Os assaltantes sabiam onde estava a carga e foram direto nela. Alguns suspeitos foram presos na época e descobriu-se que quatro assaltantes entraram e três ficaram do lado de fora”, revela Maicon que hoje trabalha em outra empresa.
RASTREADOR
A busca por rastreadores de caminhões em Mato Grosso tem crescido diante de tamanha situação. Conforme o diretor da regional Centro-Oeste e Norte da Zatix, Fábio Barbosa, a região Sudeste é a líder de roubos com 88% das ocorrências no Brasil.
“Abrimos nossa filial em Mato Grosso em dezembro do ano passado, porém já atendíamos algumas empresas do Estado. Decidimos abrir a filial após ver a representação da região Centro-Oeste saltar de 1% para 2,2% no segundo semestre de 2013 no número de roubos de cargas. Após abrimos a filial em Mato Grosso a busca por nosso serviço de rastreamento aumento 70% na regional Centro-Oeste e Norte da empresa”, diz o diretor da Zatix.
Hoje, o investimento para instalação de um aparelho de rastreador em um caminhão custa cerca de R$ 4,5 mil, além de aproximadamente R$ 200 mensais para manutenção. “Grandes frotistas em Mato Grosso não tinham o costume de colocar rastreadores e como as quadrilhas descobriram essa brecha estão migrando para cá, principalmente após a sanção de uma lei em São Paulo”.
LEI DE SÃO PAULO
Em meados de janeiro de 2014 o governador de São Paulo Geraldo Alckmin aprovou o Projeto de Lei (PL) 885/2009 que estabelece punições para empresas que forem flagradas com produtos roubados em seus estoques, acatando a receptação de cargas diretamente. É a primeira lei deste tipo no Brasil.
AgroOlhar - Olhar Direto
Foto e texto: Viviane Petroli
- Data: 17/07/2014
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